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Daniel Souza

Deixe de ser manipulado - entenda os gatilhos que geram amor obsessivo

23 de abril de 2023

Daniel Souza

Daniel Souza

"Uma pincelada de morte nos deixa apaixonados pela vida." (Robert Greene)

Apego

Dependência Emocional

Deixe de ser manipulado - entenda os gatilhos que geram amor obsessivo

Como já dizia Robert Greene

"Uma pincelada de morte nos deixa apaixonados pela vida” (A Arte da Sedução, Robert Greene)

Eventualmente sentimos que algo na relação parece a esfriar, ele ou ela está cada vez mais distante, diferente, não manda mais mensagens - nos perdemos dentro de dúvidas e incertezas e queremos sempre definir o que de fato está acontecendo na relação e criamos dentro de nós vários questionamentos:

Embora esse seja um tema extremamente complexo, eu tenho a resposta para todos esses questionamentos.

Dependendo da forma como você se relaciona com a situação, pode haver a possibilidade de se submeter a situações humilhantes ou até mesmo se tornar obcecado pela outra pessoa, ficando preso emocionalmente em uma indefinição criada por ela. Essa indefinição é o que nos mantém emocionalmente presos, fazendo com que nossa mente fique cheia de dúvidas e crie cenários que muitas vezes não correspondem à realidade, mas sim às nossas expectativas. É importante prestar atenção a certos padrões para evitar essas situações e manter o controle emocional.

Lacunas emocionais e a formação do apego

Vamos começar com algumas perguntas:

É importante compreender que todos nós temos lacunas emocionais e ninguém é completamente satisfeito. Todos experimentamos frustrações e insatisfações em algum nível. Criamos uma fachada amigável para mostrar aos outros, da qual reprimindo nossos desejos, vontades e até mesmo nossas verdadeiras intenções. Essa supressão emocional pode levar a um apego excessivo a pessoas, coisas ou situações, o que pode ser prejudicial para nosso bem-estar emocional. É importante reconhecer nossas lacunas e trabalhar para preenchê-las de forma saudável, sem nos prendermos a algo que pode nos causar dor no futuro.

Conforme construímos nossos vínculos com outras pessoas, quando vamos de encontro a alguém que estimula nossas vontades e desejos reprimidos, nos tornamos vulneráveis a sua influência, pois encontramos num outro aquilo que nos falta. Vemos nessa pessoa o nosso ideal, já que aquilo que nos falta, cria-se uma necessidade de preenchimento e completude. Quando projetamos o outro como uma extensão de nós mesmos, nos tornamos emocionalmente dependentes. Sem a presença desse outro, nos sentimos incompletos novamente, pois ele nos faz sentir vivos ao preencher nossas lacunas emocionais.

No entanto, é importante lembrar que essa dependência emocional pode ser prejudicial, pois colocamos muitas vezes a nossa felicidade nas mãos do outro, deixando de ser autônomos e responsáveis por nossa própria vida e bem-estar emocional.

O poder da influência capaz criar uma necessidade: transformando desejo em apego

Somos refém da maior força motriz da Natureza Humana:

Queremos ter aquilo que não temos.

Quando nos é dado um vislumbre de tudo aquilo que algo ou alguém é capaz de nos proporcionar ou preencher, teremos uma inclinação natural pelo desejo de preenchimento. Quando nos é retirado, a menor falta que sentirmos será o suficiente para estimular nossas vontades em desejo de possuir.

Cria-se uma necessidade. (desejo de posse)

Os gatilhos que intensificam ou afastam o desejo

Finalmente, tenho o que eu queria. Estou feliz? Na verdade, não. Então o que me falta? A minha alma não tem mais aquela atividade estimulante conferida pelo desejo […]. Ah, não deveríamos nos iludir – o prazer não está na satisfação, mas na busca. — Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais

Para entendermos melhor os mecanismos que nos levam a desejar aquilo que não temos, é importante compreender o papel da ausência nesse processo. Em todas as relações sociais, desenvolvemos uma maior afinidade com aqueles com quem temos maior intimidade. No entanto, quando alguém está sempre presente, sempre disposto a ajudar e sempre disponível, acabamos nos acostumando com a presença dessa pessoa e não nos sentimos estimulados a sentir novas emoções.

O excesso de exposição pode, na verdade, criar em nós uma necessidade de afastamento, ao invés de proximidade.

Quando se trata de relacionamentos afetivos, não valorizamos aquilo que é gratuito. Se alguém nos dá exatamente o que queremos e está sempre disponível, podemos até sentir prazer no início, mas rapidamente nos saciamos e perdemos o interesse. O prazer não está apenas na satisfação do desejo, mas também na busca por satisfazê-lo. Se tudo é entregue de uma vez e ficamos saciados, acabamos procurando novas fontes de prazer.

Por isso, é importante lembrar que a impaciência da expectativa é mais estimulante do que a saciedade do desejo. A espera intensifica o prazer, criando um ambiente propício para que o desejo cresça e se torne ainda mais forte. Portanto, ao invés de nos entregarmos completamente, é melhor manter um certo nível de distância e expectativa em nossas relações, para que elas continuem estimulantes e prazerosas.

Além disso, na ausência, não sentimos falta de quem somos indiferentes, mas sentimos daqueles quem temos algum nível de vínculo afetivo. Sentimos a intensidade da falta na mesma proporção que damos importância ao vínculo. Se para você é importante que o outro sempre esteja por perto, você já transformou o seu querer em precisar, em uma necessidade. Você desenvolveu uma dependência emocional, pois o outro se torna necessário e indispensável para você.

Entretanto, na medida que essa ausência se prolonga, a intensidade da falta que sentimos diminui na medida que passamos a dar cada vez menos importância ao vínculo.

Manobras manipulativas na manutenção de expectativas

A espera só intensificará o prazer, quando na ausência houver esperanças e expectativas alimentadas.

Os principais tipos de expectativas são:

Quando estas expectativas são alimentadas, mas nunca satisfeitas por completo, o outro é capaz de prender você na esperança de que um dia elas se concretizem, mesmo que para o outro trata-se apenas de uma manobra para te prender emocionalmente, cultivando dentro de você dúvidas e incertezas. Muitas vezes, essas manobras ocorrem motivadas quando o outro não sabe bem o que quer, tem alguma insegurança, ou quando até mesmo por existir outra pessoa na jogada.

Por esses motivos, desperta-se uma necessidade dentro do outro de:

Reforço intermitente que gera amor compusivo-obsessivo: o ciclo Bread crumbing-Ghosting

TORNAR-SE INDISPENSÁVEL – Não se faz um deus adornando a imagem, mas adorando-a. Os inteligentes preferem os necessitados aos agradecidos. A gratidão vulgar vale menos do que a esperança polida, pois a esperança tem boa memória, e a gratidão é esquecida. Ganha-se mais com a carência (dependência) do que com a cortesia. Aquele que já matou a sede dá as costas ao poço, e a laranja espremida passa de ouro a lodo. Satisfeita a necessidade, desaparecem as boas maneiras, bem como o apreço. A lição mais importante que a experiência ensina é inspirar confiança e segurança e nutri-las, alimentá-las sempre, sem nunca satisfazê-las, conservando a necessidade de si nos outros. Não é preciso, no entanto, chegar ao extremo de calar-se diante dos erros alheios, ou de considerar incurável o dano causado em proveito próprio. — Baltasar Gracián

Algumas pessoas compreendem tão bem esse mecanismo que flutuam entre alimentar esperanças e se ausentar. O padrão se repete dentro de um ciclo interminável que se você se permitir flutuar nestas oscilações, você irá quebrar emocionalmente. Essas oscilações geram dentro de você inúmeras dúvidas e incertezas quanto ao que está sendo construído na relação (que em si já é bastante abusiva). Você se prende dentro de uma indefinição capaz de gera uma forte necessidade pelo alívio da certeza. Certeza essa que pode não condizer com a realidade, mas sim com certeza das suas expectativas, muitas delas podem ser tanto alimentadas pelas pequenas faíscas de esperança que o outro não deixa morrer dentro de você, quanto alimentadas e cultivadas por você mesmo(a), ou seja, o outro já não precisa fazer mais nada pra te iludir, você mesmo(a) se ilude.

Na medida que a pessoa alimenta a sua expectativa e cultiva as suas esperanças após um leve movimento de aversão ou ausência, dando o mínimo daquilo que você deseja, você sentirá a recompensa da entrega com muito mais intensidade do que você jamais teria se antes não lhe fosse negado.

Por esses motivos, na necessidade criada de saciar, de poder se lembrar a cada segundo o quão intenso foi aquela entrega, o quão real foi criado dentro de sua cabeça, por mais que se trate de uma pequena migalha, pra você será tudo muito forte e intenso, ao ponto de se tornar viciante.

Nesse momento, a sua dependência emocional transita de uma simples necessidade para um desejo compulsivo-obsessivo.

Você muitas vezes pode desenvolver a necessidade compulsória de querer constatar nas redes sociais o que a outra pessoa está fazendo, motivado por pensamentos obsessivos de que a outra pessoa possa estar te traindo, você se torna cada vez mais sensível aos mínimos detalhes do que a outra pessoa faz ou fala, você se lembra de datas e pequenos episódios, sua mente e seu mundo já não consegue se concentrar em você, mas agora ela flutua e gira em torno apenas de uma única pessoa.

Saia do mundo romantizado sustentado por suas expectativas

Se você chegou até este ponto, é importante que comece a se valorizar e a estabelecer limites. Se você já tentou diversas vezes uma reconciliação e a outra pessoa continua mantendo sua indefinição, é hora de considerar cortar os laços. Lembre-se de que a sua saúde emocional é fundamental e que permanecer em um relacionamento que te faz mal não é saudável. Aprenda a dizer não quando for preciso, respeite os seus próprios limites e esteja disposto a deixar ir aquilo que não te faz bem. Se valorize e coloque a sua felicidade em primeiro lugar.

10 doses de realidade (a verdadeira Red Pill dos relacionamentos)

Entenda de uma vez por todas:

Quebre as amarras do apego

Você dará voz a sua intuição, que no fundo diz que você precisa se impor ao lhe mostrar que a situação não está te fazendo bem, ou dará voz às suas expectativas, que dirão como você gostaria que as coisas fossem?

Para começar, é importante enfatizar que estabelecer limites é um passo fundamental para a sua saúde emocional e mental. Se você está em uma situação em que sente que precisa se afastar para se proteger, é crucial que você se valorize e faça o que é melhor para você.

O contato zero pode ser uma ferramenta poderosa tanto para ajudá-lo(a) a seguir em frente quanto fazer o outro se dar conta de que precisaria valorizá-lo(a). Isso significa evitar qualquer tipo de contato com a outra pessoa, inclusive em redes sociais. Se você estiver constantemente verificando o que a pessoa está fazendo, isso só alimentará seus sentimentos e fará com que você se sinta preso a um passado que deseja deixar para trás.

Lembre-se de que a outra pessoa pode tentar contatá-lo novamente, muitas vezes de maneira carinhosa e sedutora, mas é importante que você resista à tentação de responder. Você precisa se manter firme em seus limites e em sua decisão de seguir em frente.

Se a pessoa eventualmente entrar em contato com você, seja claro e direto sobre seus sentimentos e limites. Ser claro com os seus sentimentos, nesse ponto, não significa que você deve falar sobre o que (e como) você gostaria de viver com outra pessoa, mas sim em expressar como a situação criada por outra pessoa é desconfortável e desrespeitosa e que limites precisam ser estabelecidos.

Quando elas voltam, buscando algum tipo de contato, geralmente elas voltam como se nada estivesse acontecido. Diga que a situação atual é desrespeitosa para você e que você não está disposto a ceder ou encurtar a distância que ela mesma criou. É importante que ela entenda que uma vez que ela buscou se afastar mediante alguma alguma entrega sua, a bola já não está mais em sua mão, e que agora cabe a ela tomar alguma iniciativa para conquistar a sua confiança e que, para isso, é necessário que ela respeite alguns limites e haja com mais respeito.

Em última análise, sua vida segue em uma direção e você merece estar com alguém que respeita seus limites e sentimentos. Se a outra pessoa não estiver disposta a fazer isso, você precisa seguir em frente e buscar relacionamentos mais saudáveis e respeitosos.